Felinos neotropicais como hospedeiros de agentes zoonóticos no Brasil

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Os mamíferos apresentam papel central no ciclo de várias zoonoses e o estudo de sua prevalência e distribuição é extremamente importante para prevenir surtos e criar profilaxias. As espécies de felinos silvestres têm cada vez mais contato com os humanos, expondo-os a possíveis transbordamento ou compartilhamento de vários patógenos e participando do ciclo de várias zoonoses. Nosso objetivo foi investigar a participação das espécies de felinos silvestres do Brasil em ciclos zoonóticos, a partir de dados secundários. Foram encontrados registros de 19 zoonoses para 10 espécies de felinos silvestres, incluindo duas causadas por vírus, cinco por nematoides, quatro por protozoários e oito por bactérias. A zoonose com maior prevalência causada por vírus foi a raiva, por protozoários foi a toxoplasmose, por bactérias destacam-se brucelose e leptospirose, enquanto que por nematoides destaca-se a ancilostomose e toxocaríase. As espécies Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Panthera onca e Puma concolor apresentaram maior número de registros de patógenos e distribuição mais ampla dos registros pelas regiões brasileiras. Os registros desses patógenos ocorreram principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Observa-se o papel dos membros dessa família como reservatórios de agentes de várias zoonoses letais, embora a leptospirose apresente registro de diferentes sorovares, incluindo alguns não patogênicos ao homem. Esses resultados trazem à luz a importância da preservação e manutenção dos habitats naturais dessas espécies como medida de saúde pública, a fim de prevenir a proliferação dessas zoonoses, tanto para os humanos quanto para os animais. A preservação dos ambientes naturais dos felinos poderia minimizar possíveis trocas de patógenos entre essas espécies e os animais domésticos e, consequentemente, com os humanos, além de diminuir a probabilidade de contato direto desses com os felinos.


Neotropical Felidae as hosts of zoonotic agents in Brazil. Mammals play a central role in the cycle of several zoonoses; the study of their prevalence and distribution is extremely important to prevent outbreaks and create prophylaxis mechanisms. Wild feline species have been increasingly in contact with humans, exposing them to possible overflow or sharing of various pathogens and participating in the cycle of numerous zoonoses. Our objective was to investigate the participation of Brazilian feline species in zoonotic cycles, through secondary data analysis. We found records of 19 zoonoses for 10 feline species, including two caused by viruses, five by nematodes, four by protozoa, and eight by bacteria. The zoonosis with highest prevalence caused by viruses was rabies, by protozoa was toxoplasmosis, by bacteria were brucellosis and leptospirosis; while by nematodes were hookworm and toxocariasis. The species Leopardus pardalis, Leopardus tigrinus, Panthera onca, and Puma concolor presented highest number of records of pathogens and wider distribution of records through Brazilian regions. Records of these pathogens occurred mainly in the Central West and Southeast regions of Brazil. The role of the members of family Felidae as reservoirs of agents of several lethal zoonoses is observed, although leptospirosis presents a register of different serovars, including some non-pathogenic to humans. These results bring to light the importance of preserving and maintaining the natural habitats of these species as a public health measure, in order to prevent the proliferation of these zoonoses, both for humans and animals. The preservation of feline natural environments could minimize possible pathogen exchanges between these species and domestic animals and, consequently, with humans, as well as reducing the likelihood of their direct contact with felines.