Morcegos cavernícolas do carste arenítico do Parque Nacional do Catimbau, Nordeste do Brasil

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A Caatinga do Brasil tem um alto potencial espeleológico e uma rica fauna de morcegos, sendo uma região prioritária para estudos e inventários sobre morcegos cavernícolas. Apresentamos aqui a primeira lista de espécies de morcegos cavernícolas do carste arenítico do Parque Nacional do Catimbau, em Pernambuco, no Nordeste do Brasil. Em 53 cavidades foram registrados 16 táxons e 13 gêneros de morcegos das famílias Phyllostomidae, Mormoopidae, Natalidae, Furipteridae e Emballonuridae. Populações de quatro espécies ameaçadas (Furipterus horrens, Lonchorhina aurita, Xeronycteris vieirai e Natalus macrourus) foram localizadas em oito cavernas, incluindo duas bat caves que abrigam populações excepcionais de morcegos. Lonchophylla inexpectata foi registrada em cavernas pela primeira vez. Tanto o potencial espeleológico quanto a riqueza de espécies locais não foram completamente amostrados, indicando que novas colônias e espécies ainda podem ser registradas na área estudada. Além da contribuição científica, nossos dados podem ser úteis para um futuro Plano de Manejo para o Parque Nacional do Catimbau, e também podem contribuir para algum ordenamento do espeleoturismo na área.


Cave dwelling bats of the sandstone karst of Catimbau National Park, northeast Brazil. The Brazilian Caatinga has a high speleological potential and a rich bat fauna, being a priority region for studies and inventories on cave dwelling-bats. Here, we present the first species’ list of cave dwelling-bats of the sandstone karst of the Catimbau National Park, in Pernambuco, northeastern Brazil. Samplings in 53 caves resulted in 16 taxa and 13 genera of bats of the families Phyllostomidae, Mormoopidae, Natalidae, Furipteridae and Emballonuridae. Populations of four endangered species (Furipterus horrens, Lonchorhina aurita, Xeronycteris vieirai, and Natalus macrourus) were located in eight caves, including two bat caves holding exceptionally large bat populations. Lonchophylla inexpectata was recorded for the first time in caves. Both the local speleological potential and the bat species richness were not completely investigated, pointing out that new colonies and species may still be recorded in the studied area. Besides the scientific contribution, our data can be useful for a future management plan for the Catimbau National Park and can also contribute to set some ordering in the existing speleotourism in the area.

Graphical abstract for the article “Morcegos cavernícolas do carste arenítico do Parque Nacional do Catimbau, Nordeste do Brasil” (Barbosa Leal & Bernard, 2021)

Bat assemblages at a high-altitude area in the Atlantic Forest of southeastern Brazil

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Most Brazilian landscapes lie below 600 m above sea level and studies on the rich Brazilian bat fauna at higher altitudes are scarce. In this study, we investigated bat assemblages associated with different habitats in Chapada do Abanador, Minas Gerais, an area with altitudes ranging from 1000 to 1580 m. Forty-five nights of sampling (153000 m2/h) were performed in semideciduous montane forest, cloud forest and campo de altitude. A total of 137 individuals were captured, belonging to 12 species of the families Phyllostomidae and Vespertilionidae, with a large dominance of the former. Species-accumulation curves reached values close to the asymptote for the campo de altitude and cloud forest habitats, but not for montane forest, suggesting that more species may be added by extending the sampling effort in this habitat. A non-metric multidimensional scaling analysis indicated no strong separation between sampled habitats. Higher abundances of Desmodus rotundus and Histiotus velatus in the campo de altitude were observed, with the latter being exclusively recorded in this habitat. Moreover, a higher abundance of frugivores was observed in forested habitats, while hematophagous, insectivores and nectarivores were more abundant in the campo de altitude. Although presenting lower species richness when compared with environments below 1000 m, the campos de altitude and cloud forests are ecologically important and poorly protected portions of the Atlantic Forest in Minas Gerais, whose biodiversity must be preserved. Our data contributes with a better description of the local fauna and fills gaps on the species distribution for high altitude sites in Brazil.


Assembléia de morcegos em uma área de elevada altitude na Floresta Atlântica do sudeste do Brasil. Grande parte das paisagens brasileiras se encontra abaixo dos 600 m de altitude e os estudos sobre a rica fauna de morcegos brasileiros em elevadas altitudes são escassos. Nesse estudo, investigamos a assembleia de morcegos associada a diferentes habitats na Chapada do Abanador, Minas Gerais, cuja altitude varia de 1000 a 1580 m. Foram conduzidas 45 noites de amostragem (153000 m2/h) na floresta semidecidual montana, floresta nebular e campo de altitude. Foram capturados 137 indivíduos pertencentes a 12 espécies das famílias Phyllostomidae e Vespertilionidae, com grande predominância da primeira. Curvas de acumulação de espécies alcançaram valores próximos à assíntota para o campo de altitude e floresta nebular, mas não para a floresta montana, sugerindo que mais espécies seriam adicionadas com o aumento do esforço amostral nesse habitat. A análise de escalonamento multidimensional não-métrico não indicou forte separação entre os habitats. Entretanto, foi observada uma maior abundância de Desmodus rotundus e Histiotus velatus no campo de altitude, sendo a última exclusiva desse habitat. Além disso, foi observada uma maior abundância de frugívoros nos habitats florestados, enquanto hematófagos e insetívoros foram mais abundantes no campo de altitude. Embora apresentem menor riqueza de espécies quando comparados com ambientes abaixo de 1000 m, os campos de altitude e as florestas nebulares constituem porções ecologicamente importantes e pouco protegidas da Floresta Atlântica em Minas Gerais, cuja biodiversidade deve ser preservada. Nossos dados contribuem com uma melhor descrição da fauna local e preenche lacunas na distribuição de espécies para locais de elevada altitude no Brasil.